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O "Apartheid" na escola pública, por Manuel Pereira dos Santos

Intervenção de Manuel Pereira dos Santos, Vice-Presidente do SPGL, no 5º Congresso do SPGL, nos dias 5 e 6 de fevereiro de 2015.

Destacamos:

  • "Este governo, e em particular o seu Ministro da Educação e Ciência, que gosta de repetir que se pauta "pelas melhores práticas internacionais", escolheu para a seleção dos alunos ao longo do seu percurso escolar uma prática internacional adotada na África do Sul até 1994, o chamado "apartheid": separam‐se as crianças em dois grupos, os "burrinhos" (ou "não vocacionados para o prosseguimento de estudos no ensino superior", no "eduquês" de Nuno Crato) e os "espertos" (ou "destinados a prosseguir estudos superiores").(...)

  • "(...) É um facto que estas duas categorias têm uma estranha "coincidência" com o "esvaziamento" ou "suculento recheio" das contas bancárias dos respetivos progenitores¼ mas também todos devemos reconhecer que é sabido que o dinheiro, além da felicidade, também traz a inteligência¼ ou não estivessem os colégios privados muito mais abastecidos de inteligência do que a escola pública, pois albergam sobretudo os tais meninos "segregados" e "inteligentes".(...)"

  • "(...) Claro que o Ministério ainda tem de acorrer pressuroso ao "aviso" da Chanceler Merkel relativo ao "excesso de diplomados" existente em Portugal (bem como na Espanha e Grécia!): (...)"

  • "(...) E o MEC já constatou que o ensino politécnico não resolveu o problema do ensino de segunda qualidade: não é que as escolas politécnicas se puseram a fazer investigação, a formar nesta os seus docentes, e a competir em qualidade com as universidades¼ e ainda por cima reclamam financiamentos para essas atividades?(...)"

  • "(...) Para as universidades ficaremos portanto com os que atinjam mais de 14 valores, qualquer que seja a forma (não aferida, claro!) como os atinjam, que serão uns verdadeiros "Cristianos Ronaldos" dos estudos, e provêm de famílias dispostas a pagar as propinas necessárias a esses estudos (embora por agora aquela "oposição" do Tribunal Constitucional não permita colher aqui melhores receitas¼ mas certamente que não poderá durar para sempre¼). (...)"

  • "(...) Parece incrível que, mais de 200 anos depois da Revolução Francesa e da Constituição dos Estados Unidos reconhecerem direitos humanos básicos, 70 anos depois de uma guerra ter derrotado ideias semelhantes às atrás referidas, 40 anos depois de Abril, e até mais de 20 depois da queda do "apartheid", haja de novo quem tenha a lata de propor uma espécie de "apartheid" social e económico, ainda por cima baseado na discriminação dentro da escola pública???!!!...(...)"

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