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Os tempos que vivemos...

 

Portugal atravessa uma das mais duras crises de que há memória em tempos de democracia. Esta realidade inegável domina o dia a dia de um povo feito de gente que trabalha, está desempregada, vive de parcas reformas ou completou a sua formação académica e não consegue ingressar na vida ativa. Esta realidade ameaça de morte os sonhos e a esperança de um povo que sabe que tem direito a uma vida melhor. Que sabe que “a crise” tem responsáveis e que são exatamente esses que enriquecem, à custa da exploração e do aumento da pobreza. 

 

De há muito para cá que sucessivos governos PS/PSD/CDS, vêm acentuando o domínio do capital e a sua perversa fusão com o Estado, enquanto promovem uma violenta regressão na distribuição da riqueza a favor dos que já eram ricos.

 

Desde 2010, mais 17,8% da riqueza produzida pelos trabalhadores foi transferida para o capital, assim como desde 1980 a concentração e a acumulação de riqueza nas mãos de uns poucos mais do que duplicaram.

 

A transferência de riqueza do trabalho para o capital atinge valores altíssimos, em resultado das sucessivas e profundas alterações na legislação laboral e da transformação do Estado num instrumento adicional de exploração, sugando rendimentos, sobretudo aos trabalhadores e pensionistas, para os entregar aos “credores” e para satisfazer as exigências do patronato.

 

Ao longo dos últimos anos temos vindo a sentir os efeitos de políticas de direita que optam por desvalorizar o trabalho, destruir os direitos dos trabalhadores e das populações, atacar as funções sociais do Estado e afrontar a Constituição da República e os valores inspirados na Revolução de Abril.

 

Da aplicação do memorando, temos um milhão e meio de desempregados e a generalidade das famílias portuguesas foi tocada pelo estigma do desemprego ou da precariedade laboral. Os jovens vivem na angústia de um futuro incerto. Muitos não sabem se poderão retomar os estudos, outros continuarão a engrossar os números do desemprego e outros ainda emigrarão empurrados pelo governo.

 

Os trabalhadores da Administração Pública sentem na pele esta dura realidade através do congelamento das remunerações e carreiras, da redução da remuneração do trabalho extraordinário, do corte nas remunerações nominais, da apropriação dos subsídios de férias e de Natal, do aumento do horário sem qualquer compensação e, consequentemente, da generalização do trabalho gratuito, da redução do número de trabalhadores através de despedimentos, aposentações prematuras, acordos de rescisão ditos voluntários utilizando a chantagem e a pressão. Vivem numa profunda instabilidade, na insegurança que resulta das continuas alterações das leis (aposentação, lei do vinculo público, Lei Geral de Trabalho da Função Pública,...), e da ameaça de colocação na situação de requalificação.  Os trabalhadores no ativo temem as condições que encontrarão quando chegarem à aposentação, cada vez mais tardia. Os que já lá estão sofrem cortes em cima de cortes e a redução significativa das suas pensões.

 

Em contraponto com o dinheiro que falta para os salários dos trabalhadores da administração pública e para o funcionamento dos serviços públicos, sobra dinheiro para o financiamento do ensino privado através dos mais variados expedientes: contratos de associação, simples, patrocínio e de desenvolvimento...

 

Os trabalhadores fazem frente a esta política de destruição com a sua luta e sabemos que, não fora essa imensa capacidade de resistir dos trabalhadores e das populações, mais negra e desesperada seria a situação deste país que é o nosso. Mas o Povo luta...!

 

 

 

 

 

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