top of page

 

Examinite aguda, sintoma de uma educação doente

 

Nos últimos anos, tem-se agravado a obsessão do MEC pelos exames. Há exames para crianças de 9 anos – no 4º ano - e para professores dos 25 aos 65 – coercivamente corretores de exames de inglês de uma escola privada para a qual vão trabalhar sem receber. Há exames para alunos de 11 anos – no 6º ano – e para professores anualmente avaliados e com licenciaturas e mestrados em ensino – os contratados. Há exames no 9º ano. Há exames no 12º ano.

 

Falsos imperativos de rigor justificam esta febre. E, assim, se vai transformando a escola: condicionados a treinarem para os exames, os professores insistem nas atividades repetitivas e pouco criativas, tornando a aprendizagem rotineira e desinteressante.

 

Limita-se o ensino de um leque de matérias mais abrangente, valorizando a memorização e as operações de baixo nível cognitivo.

 

O processo deixa de ser preocupação e os resultados são o único objetivo. E as escolas que se tornam em fábricas de alunos capazes de passar nos exames tornam-se as melhores aos olhos míopes deste ministério.

 

Cabeças bem feitas ou cabeças bem cheias?

 

A escola não pode preferir a quantidade de saber transmitido em detrimento da capacidade crítica e do trabalho sobre a relação com os saberes e com os seus sentidos.

Enquanto garantes do sentido do saber, organizadores de situações de aprendizagem, , gestores de heterogeneidade , não podemos valorizar as respostas desvalorizando as questões, valorizar as aquisições consolidadas desvalorizando as zonas de sombra ou de incerteza, valorizar os resultados da investigação desvalorizando o seu método, valorizar o consenso desvalorizando o conflito teórico ou metodológico.

 

Queremos uma escola onde haja oportunidade para dar a professores e alunos o tempo para construírem em conjunto uma parte dos saberes, de os debaterem, de confrontarem as diferentes hipóteses, de explorarem caminhos transversais.

 

Cada um faz parte do problema e também da solução

 

Queremos uma escola onde a esperança seja possível. Onde a prática reflexiva substitua a aceitação cega de modelos didáticos fechados. Onde a cooperação profissional se torne regra de todos em vez de ser apenas opção de uma minoria militante. Onde a presença e implicação no estabelecimento escolar enquanto comunidade educativa e ator coletivo acabe com as horas de burocracias intermináveis que nos matam o sonho. Onde a paixão pelo conhecimento não tenha de ser uma teimosia.

 

 

 

Ir para a página inicial do Programa

 

bottom of page